sábado, 16 de abril de 2011

Programa de índio


Fig1. Identidade visual e tags realizadas no projeto dos Guaranis de Morro dos Cavalos com o Design Possível Santa Catarina.

Hoje fui conhecer a aldeia guarani de Morro dos Cavalos, em Palhoça. Fui com a turma da disciplina Antropologia Cultural. Esta é a Semana Cultural dos guaranis que teve como tema debater a educação indígena guarani. Durante a semana ocorreram diversas atividades e hoje tivemos uma conversa muito boa com as lideranças: Adão, Eunice e Marcos. Também assistimos ao coral das crianças e visitamos a feira de artesanato. Claro que comprei umas coisinhas: um colar e um cestinho.

A aldeia fica à 50km de Florianópolis. Ela se localiza na beira da BR e, logo que se chega, pode-se ver a escola guarani, onde aconteceu a visita. As residências ficam no alto do morro e não tivemos acesso a elas. Assim que chegamos, fomos recepcionados por Marcos que nos encaminhou a uma sala de aula para um bate papo. Ele nos apresentou Eunice, que conversou conosco por, aproximadamente, 1 hora. Ela nos contou da formação da aldeia, do funcionamento da escola, do tema da Semana Cultural e respondeu a algumas perguntas sobre temas diversos, incluindo os clássicos religião, casamento, cura etc. Logo no início, chegou Sr. Adão, um dos mais velhos da aldeia, educador e articulador junto à escola guarani. Ele nos contou muito sobre a educação guarani, a importância das escolas indígenas e uma educação diferenciada que contribua na valorização da cultura guarani, além de uma formação sobre a cultura brasileira e a língua portuguesa. Os guaranis possuem alfabetização bilíngue: guarani e português. Eles lutaram muito para conquistar o direito de ter suas próprias escolas e de construirem seu processo de ensino, de acordo com sua cultura, sem perder de vista o mundo dos não-índios. Algo que Eunice explicou sobre a educação guarani é que, para eles, não faz sentido dividir o conhecimento por disciplinas (matemática, história, língua, geografia etc), pois tudo está relacionado. Então, eles ensinam tudo junto a partir de um tema único.

Em seguida à conversa, assistimos ao coral das crianças que cantou duas músicas em guarani. O coral foi acompanhado por violão, violino, um tipo de tambor e um chocalho. A música se dividia em vozes de meninos e vozes de meninas, num sistema semelhante à pergunta e resposta, sendo que os meninos "perguntavam" e ambos respondiam em uníssono. Depois, Eunice explicou o significado das canções: a primeira, convidava as crianças para ir à casa de reza reverenciar o Grande Espírito e a segunda era como uma oração que dizia ao Grande Espírito que, quando ele chegasse à Terra, todo o povo estaria preparado para recebê-lo e ir para o céu com ele.

Depois do coral, fomos visitar a escola e ver a feira de artesanato. Foi muito bacana ver que os guaranis já estão usando as tags desenvolvidas com o Design Possível SC em seus produtos.

Por volta das 16:30 deixamos a aldeia. O passeio foi muito tranquilo. A visita foi um momento importante para conhecer uma outra cultura que faz parte do nosso território e da nossa história e que passa por tantas dificuldades. Bom perceber que as comunidades indígenas possuem uma postura ativa, de negociação e reivindicação de direitos. Desejo que esses povos conquistem seus espaços e participem de forma mais igual da dinâmica do mundo.



Fig. 3. Turma de alun@s (entre el@s eu) da professora Miriam Grossi.


:D

Nenhum comentário:

Postar um comentário